O Barba ao Vento nasce como uma forma de publicar os trabalhos de Rui Pedro Esteves. Simplicidade e experimentalismo era a filosofia na altura. Em paralelo, uma vontade de manter o custo o mais baixo possível, não apenas por questões orçamentais, mas pela ideia de que a fotografia merece ser democratizada pela vertente financeira.
Estas premissas acabam por influenciar as escolhas de formato, materialidade, e acabamento escolhidos nos objectos que produzimos.
A determinada altura passa a ser importante para nós colaborar com outros autores. Apoiá-los a publicar o seu trabalho.
Amante do fotolivro nas suas mais variadas formas. Amador em tudo, mesmo naquilo que, por definição, é um profissional.
Faz de conta que sabe fotografar, contar histórias, editar livros. Acha que consegue consegue fazer tudo sozinho e em meia dúzia de semanas.
Aceita a imperfeição como parte da vida. Sentem-se fora de água no nobre, distinto e elitista.
Ser a voz da razão é a sua natureza. Calma, objectiva, pragmática. O contraponto perfeito à emotividade semi-juvenil de Rui. É quem desbloqueia os projectos, quando estes ficam atolados no lodo criativo.
Garante que as contas são pagas, impostos estão em dia. Não fosse por Elisa, a "sustentabilidade financeira" dos projectos do Barba ao Vento seria uma cruel miragem.
Diz Saramago que não ter nada para dizer e continuar a escrever é um crime. E nós estamos exaustos e desprovidos de ideias.
Em uma década de Barba ao Vento muito muda. A família cresce, carece de atenção. Os empregos de dia (os que pagam as contas) aumentaram a exigência. Os corpos e o espírito ficam mais gastos. O que parecia razoável passou a ser desequilibrado. O que era leve passou a pesado. Roemos a corda nos dois extremos e agora precisamos de parar, respirar, recarregar e repensar o amanhã.
Foram 10 anos, 12 projectos autorais, 3 projectos editoriais, 3 colaborações, e uma lista de pessoas extraordinárias com tivemos o prazer de conhecer. Durante este tempo os nossos livros e zines chegaram a Portugal Continental e Ilhas, Macau, França, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Itália e Estados Unidos.
É impossível agradecer a todos que nos apoiaram e ajudaram ao longo destes anos, mas há alguns que são incontornáveis. E correndo o risco deixarmos de fora alguém de relevo, os nossos agradecimentos:
Aos autores convidados, Gonçalo T. Matias e Nica Paixão, não só por terem aceite os convites numa altura em que só tinham uma declaração de intenção, mas também por terem reacendido a chama pela fotografia, em alturas em que as energias e espírito estavam a começar a falhar. À Tânia Araújo, que veio fechar o ciclo, por ter aceite o desafio, mesmo que a nossa linha editorial não alinhasse na totalidade com a sua posição na fotografia.
Ao Joel Isaac, da Gráfica 99 pela paciência de Jó que teve para nos aturar durante estes anos, e por ter atendido aos nossos pedidos estranhos e fora da caixa sempre com um sorriso. Esperamos que muitos apreciem o "papel do Rui", que tanta popularidade tem ganho no fotolivro que sai desta gráfica.
À Imagerie - Casa de Imagens, pela inspiração que são a Magda e o Domingos, para não falar da câmara estenopeica TOSKA (que foi usada para o trabalho do Zaqueu) e da TOSKAzine (onde o Rui foi publicado pela primeira vez). A frase "Ninguém faz dinheiro com fotolivros, mas isso não significa que não nos possamos divertir" foi-nos dita durante a primeira conversa sobre a participação na TOSKAzine, e desde então foi quase como um mantra que nos acompanhou até hoje.
À Cristina Cabrita pelo logotipo da marca e imagens para capas dos livros "não vão daqui a pensar mal disto" e "Cartas para Emília", mais as duas para trabalhos que acabaram por não ser publicados.
Ao Filipe Branco e Ricardo Silva por serem os modelos para "Mala Men". Pela paciência, colaboração e boa disposição.
À Nica Paixão, Catarina Correia de Sampaio e Teresa Gomes pelas traduções dos textos em diversos projectos. E a todos os demais que connosco colaboraram na execução dos projectos.
AO MEF, Photobook Club de Lisboa, Atelier Pop-Up, aMOSTr - Mostra de Edições Independentes, e Feira do Livro Fotográfico de Lisboa (FLFL) pelas múltiplas oportunidades, ao longo destes anos, de apresentarmos as nossas publicações e de as vendermos durante os seus eventos e no seu espaço.
Ao José Oliveira e à Casa dos Açores de Lisboa pela colaboração na apresentação do trabalho sobre a Ilha do Corvo - "não vão daqui a pensar mal disto".
Aos que, conscientes das suas acções e palavras, ou não, tiveram um impacto positivo no projecto e nos elevaram o espírito no decorrer destes anos. Aos que compraram ou leram as nossas publicações. Aos que colocaram um coração nas redes sociais ou ofereceram críticas construtivas. Aos que nos encorajaram e aos que nos recomendaram. Deixamos os nossos sinceros agradecimentos pelo apoio, carinho e atenção dedicada.
Por ora vamos trabalhar os projectos "Memória do Eu" e "Mala Men". Seguidamente vamos estender a toalha na areia e fazer fotossíntese por tempo indeterminado. Um dia voltaremos.
PS: A loja online continuará em funcionamento durante esta pausa.